No filme O Lobo de Wall Street, investigar fraudes financeiras depende de seguir a trilha do dinheiro para encontrar os responsáveis. A experiência de Teresinha Moniz exemplifica isso na prática do mundo financeiro. Com mais de 40 anos dedicados ao compliance em grandes bancos, e atuando em áreas como prevenção à lavagem de dinheiro, Teresinha, aos 60 anos, decidiu encarar uma nova missão: fiscalizar o uso dos impostos pagos pelos cidadãos.
“Eu queria parar de trabalhar das 9h às 18h, mas ainda queria contribuir para a sociedade”, conta ela. “Pensei que poderia compartilhar todo o conhecimento que acumulei ao longo da minha carreira.”
Hoje, Teresinha é Vice-Presidente de Relações Institucionais e Parcerias, do Observatório Social do Brasil em São Paulo (OSB-SP).
O propósito por trás da escolha
Enquanto se preparava para a aposentadoria, Teresinha fez sua segunda graduação, desta vez em Direito, e também conquistou a certificação do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) para atuar em conselhos fiscais. Seu plano era claro e estratégico:
“Quando vi o convite para ser conselheira consultiva no Observatório, me candidatei na hora. É um tema que conheço bem e sei da importância do trabalho do OSB-SP. O setor financeiro combate a corrupção rastreando o dinheiro. É exatamente assim que o OSB-SP trabalha, monitorando os recursos públicos”, explica.
Nos grandes bancos onde trabalhou, Teresinha aprendeu uma regra de ouro: documentar tudo. Ter regras claras, procedimentos escritos e processos que funcionam independentemente de quem está executando.
“Quando as práticas estão no papel, o trabalho ganha consistência”, explica.
“Mas é importante atualizar os manuais, porque os processos mudam.”
No Observatório, ela usou essa mesma disciplina, ajudando a revisar as regras da organização e criando o regulamento interno do Conselho Consultivo.
Lições aprendidas, muitas!
Vir do mundo dos bancos trouxe alguns choques também. Decisões rápidas não funcionam em organizações sociais.
“Tive que aprender que a velocidade dos bancos não funciona nas organizações sociais”, admite. “ É preciso ter paciência para que as coisas aconteçam no tempo certo.”
Para quem vem do mercado e quer fazer trabalho social, seu conselho é direto: “Esqueçam a pressa.”
Mas vale a pena. Usar décadas de experiência para ajudar a sociedade mostra que aposentadoria pode ser o começo de uma nova vida com propósito.
A mente que se abre
Teresinha se considera uma “aluna profissional”. Como Einstein disse: “A mente que se abre jamais volta ao tamanho original.” Ela lê de tudo: desde livros clássicos como Fahrenheit 451, que fala sobre os perigos da censura, até temas sobre envelhecimento, meio ambiente e biografias, como a da cantora Tina Turner.
“Adoro cinema, teatro, exposições e livros. Tudo me faz pensar”, conta.
Essa curiosidade alimenta sua criatividade nos Grupos de Trabalho do OSB-SP. Ela não se acanha em propor ideias novas e inspirar atitude.
E o que ela quer ver para a nossa cidade e para o OSB-SP?
“Quero ver o Observatório crescendo e se tornando mais importante”, diz. “Com mais voluntários, parcerias com universidades e outras organizações.”
Para ela, o futuro passa por uma grande rede de voluntários e parcerias.
Teresinha acredita que todas as instituições podem ajudar, especialmente as empresas, mas com uma condição: ter clareza sobre a missão.
“Queremos que mais pessoas conheçam seus direitos e tenham um retorno justo dos impostos que pagam.”
Uma lição de que experiência profissional e vontade de ajudar a sociedade podem andar juntas, transformando conhecimento técnico em ferramenta de mudança social.
Tem interesse em contribuir com o controle social?
Conheça as oportunidades de voluntariado e outras ações do Observatório Social de São Paulo, faça parte desta rede de cidadãos comprometidos com a transparência dos gastos públicos.
Recomendações:
- Conheça o trabalho de Teresinha Moniz | LinkedIn
- Filme citado: O Lobo de Wall Street (2013), dirigido por Martin Scorsese
- Livro citado: Fahrenheit 451, de Ray Bradbury